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Foto do escritorLugana Olaiá

A frase do José me fez refletir durante horas...

Você já teve a sensação de estar fora do seu corpo olhando para sua vida? Já sonhou com isso? Aquele tipo de sonho que você está lá, mas não está atuando na cena. É como se você voasse assistindo uma situação qualquer. Eu gosto mais desse tipo de sonho do que o sonho que você sente as coisas como se fosse na pele, sabe? Prefiro me observar do que fazer parte ali. Rsrs

Mas, na vida real, acordada, eu não consigo orientar minhas ações com reflexões e pensamentos profundos antes de fazer todas as coisas. Seria maravilhoso, diariamente, tirar um tempo para pensar e não agir no automático. Fico meio assustada quando penso que ainda não me conheço por inteira. Me vejo meio tensa com a possibilidade de ser verdade que a vida é um eterno aprendizado de si mesmo. Eterno não é muito tempo não, gente?


Pior que essa medida do muito/pouco depende, né? Então vamos seguir. Sem se deixar paralisar pelos detalhes, mas diminuindo o ritmo no caminho para beber água e pensar no próximo passo. O automático não me cabe mais.


É que eu saí da ilha, sabe? Eu vi a ilha e, desde então, tenho feito uma imersão em mim mesma. Encontrei muitas Luganas adormecidas em mim. Descobri e entrei em contato com uma parte de mim que não lembrava que existia. Não é uma viagem fácil.


Só que essa viagem é necessária para todos mesmo. Não dá para passar pela vida só dando conta das demandas. Seria massa não ser afetado nunca por nada, mas simplesmente não dá, pessoal. Ninguém passa ileso!


Depois de muito nos observar atentamente, conseguimos encontrar nossos pontos de cuidado. Ver o que nos aconteceu há muito tempo atrás, o que ficou entranhado na pele e fugiu da memória, o que escondemos embaixo do tapete da amnésia seletiva do trauma, mas que inevitavelmente, reverbera todos os dias em quem somos no mundo atual.


Você já se olhou hoje? Perguntou como está se sentindo ou o que você deseja fazer neste dia? Mesmo diante das nossas obrigações com trabalho, filhos e outras coisas, tem sempre uma coisa que a gente quer de fato fazer naquele dia. E, às vezes, a gente nem sabe o que é porque não parou um segundo para refletir, se questionar, sentir o que o seu corpo e/ou a sua mente está pedindo.


Eu precisava lavar o meu cabelo. “Ah, mas tá curto, é rapidinho!” Não foi rápido, tá? Mas eu precisava entrar no chuveiro e deixar a água cair no meu corpo, desde o topo da cabeça. Eu precisava “mergulhar” por inteira nesta manhã de quarta. Parece papo de ajuda motivacional? Não era isso não, viu? É papo de compartilhar mesmo o momento que eu estou vivendo. Passei bastante tempo deixando meu desejo de lado.


E muitas vezes nem era nada muito difícil de realizar, sabe? Era escolher o sabor do sorvete compartilhado, opinar sobre como estacionar o carro (mesmo não sabendo dirigir), era dizer “eu preciso de mais tempo para digerir isso”, era assumir “eu não posso te perdoar por isso” e, hoje, era sobre me dar alguns minutos mais demorados no banho mesmo diante de toda a pressa que o mundo nos exige. Fechei os olhos e saí da ilha, assim eu pude ouvir o que ela tinha a dizer.

Colagem: Gabriela Cidade Borges ou @gabecollart ° Título: O conto da Ilha Desconhecida - José Saramango

Gabriela Cidade Borges (@gabecollart)

• Artista Visual • Colagista

1 Comment


Adriele Regine
Adriele Regine
Sep 16, 2022

Mais uma reflexão daquelas!

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